quarta-feira, 30 de novembro de 2011


A    DOENÇA DO CARRAPATO ESTRELA 


De todas as doenças que atingem o homem, 5% são de origem animal - as chamadas zoonoses, como a raiva e a leishmaniose, e as microzoonoses, como a doença de Lyme e a febre maculosa.
“Saiu uma publicação em 2001 que mostrou a existência de mais de 1400 agentes infecciosos associados à doenças humanas, e que em torno de 60% são de agentes zoonóticos - aqueles que são mantidos em animais vertebrados ou invertebrados, como mosquito, pulga, piolho e carrapato, e que acidentalmente atingem o homem”, explica a infectologista e pesquisadora da Fiocruz Elba Lemos.
A psicóloga Elen Coutinho está há quase cinco meses em tratamento contra a doença de Lyme, transmitida pelo carrapato estrela. “Quando você lida com uma doença grave que vai te roubando as condições diárias de vida sem ter um diagnóstico é muito assustador. Ter uma dor crônica tira você da sua estrutura comum, atrapalha a sua capacidade de pensar, de se relacionar com o mundo. Ela te põe num estado de solidão muito subjetivo”, conta Elen.
A doença de Lyme faz parte de um grupo de zoonoses não muito comuns, mas com grandes chances de letalidade. Uma das maiores preocupações é em relação a dificuldade de se fazer um diagnóstico precoce - seja no interior ou nas grandes cidades. Há cura, porém pode haver sequelas. “Quanto mais rápido se inicia o tratamento, maior a chance de se curar. Nas fases iniciais o índice de cura é muito alto”, diz o clínico geral Glaucio José de Mattos Julianeli.
Elen passou por 14 médicos até descobrir a doença. “Não é uma doença comum e é pouco diagnosticada, e os pacientes ficam sendo tratados como reumatismo. As pessoas que desenvolvem um quadro febril até 30 dias da picada do carrapato deve informar ao médico que teve contato nos últimos 30 dias. Isso é importante porque ele automaticamente vai lembrar do diagnóstico”, declara o doutor Julianelli.
Para que o carrapato transmita a doença, ele precisa ficar até seis horas preso ao corpo de alguém. No caso da febre maculosa, demora até 24 horas. A dica do doutor Julianelli é simples: “Não é preciso ficar longe de áreas rurais, é só fazer uma revista no próprio corpo depois de passar por lugares assim”, alerta.

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